7 | Exausta de ser cronicamente online
Não sei vocês, mas olhar as notificações no celular me causa repúdio. Me sinto extremamente interrompida por assuntos que nem quero saber (e de pessoas que prefiro não conhecer).
Se você cresceu ouvindo o barulho da internet discada e tinha o hábito de entrar e sair do MSN para ser notada pelo crush, com certeza, estamos na mesma faixa etária. Ou pelo menos compartilhamos a mesma geração. De lá até aqui, passamos dos status de online/ausente para exclusivamente e (pior) cronicamente online. E essa foi a maior estupidez que aconteceu.
Não sou uma defensora do fim da internet, até porque trabalho diariamente com ela. Mas me assusto com a forma com que transformamos todo o nosso tempo de vida no fato de estarmos “online”. Para ter um negócio é preciso também ter um perfil no Instagram, para arranjar um bom emprego é necessário estar no LinkedIn, para ser lembrada pelos amigos é preciso, no mínimo, estar disponível no WhatsApp.
Será que é realmente necessário? Estamos cada vez mais viciados em uma série de hábitos e comportamentos vazios? Desculpa te lançar essa pedrada, mas ela vale para mim também! E deixa eu te perguntar, na maior sinceridade do mundo, mas qual foi a última vez que você esqueceu que o seu celular existia?
Não acho que a gente tenha que se isolar no meio da montanha para contemplar a natureza e muito menos jogar o nosso telefone no lixo. Mas acredito que devemos nos comportar de maneira crítica para o fato de estarmos cada vez mais ausentes nas nossas relações pelo simples motivo de entendermos que a única conexão possível é a digital.
Curtida, comentário e compartilhamentos. Tudo isso não pode ser encarado como métrica de afeto. É leviano acreditar que uma rede social pode ser capaz de reduzir o que sentimos uns pelos outros. Estar presente significa muito mais que um “que linda, amiga”. E não me entendam mal! Concordo que as mídias ajudam a minimizar distâncias e estreitar laços, no entanto, não há nada que possa ser comparado a sensação de se permitir focar toda a atenção na pessoa que está a sua frente.
Quantas horas são necessárias para termos um contato profundo com alguém? Como mencionei antes, eu não sou a exceção. Muito menos acredito que isso seja um problema geracional. Essa é uma questão de saúde pública e isso envolve praticamente todos os seres sociais. Vejo meus pais não escutarem o que eu falo quanto estou na frente deles, por estarem mexendo no celular. (Mãe, isso não é uma crítica!) É só para ilustrar que não importa a idade, você será capturado por algo mais rápido e fácil do que ter que se relacionar com quem a poucos passos.
Se eu soubesse como resolver isso, como consertar um mundo que se importa muito mais com o que se publica em uma rede social, compartilharia aqui a solução. Mas isso não sou capaz de fazer! Deixo esse fardo para os estudiosos e cientistas que terão que lutar contra a dependência emocional da internet e o distanciamento do contato humano.
Não resolvo, mas reflito com você! Vou apresentar algumas estratégias que já ouvi, li e fiz. Acredito que mudar um comportamento social é uma batalha que só pode dar certo se houver mais de uma pessoa envolvida. Por isso, nem adianta tentar sozinha. É para partilhar essa mensagem e propor para os seus amigos também. E sim, é tudo óbvio. Mas cada vez mais entendo que o óbvio precisa continuar sendo dito. Uma querida aqui do Substack sempre fala isso e eu assino embaixo.
“Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver”
É preciso saber viver, Titãs
Quatro ideias para arrancar o fio da tomada (de vez em quando)!
Descubra uma atividade que não envolva telas e que seja prazerosa para você. Pode ser pintar, escrever em um diário, cozinhar uma receita diferente, fazer colagens, bordar ou até mesmo dançar a sua música preferida repetidamente.
Evite ficar checando o celular quando você está em um encontro entre amigos. Guarde o celular na bolsa ou no seu próprio bolso. Se for importante alguém vai te ligar. No meu caso, a Claro vai me ligar e oferecer um plano que eu não quero e me fazer passar vergonha.
Não passe mais do que dois finais de semana trancada dentro de casa. O conforto do nosso lar é ótimo e faz super bem. Mas tente equilibrar suas saídas na rua, é sempre bom pegar um solzinho e dar brigada no supermercado (brincadeira). Principalmente se você faz home office durante a semana.
Silencie as notificações das redes sociais que te causam mais vício. Ninguém precisa receber um aviso que fulano que estudou com você no ensino médio postou um TikTok, né?! Filtre aquilo que realmente importa para você. Isso diminui a ansiedade e a sensação de estar “perdendo” algo.
Falei que não ia ensinar a roda aqui. Mas espero que de alguma maneira isso possa ajudar você ou alguém que precise ficar um pouco ausente desse emaranhado de informações, trends e posts em que vivemos. É tão louco pensar que antes bastava desligar o estabilizador e tudo sumia em poucos segundos. O poder de escolha, que nos foi tirado, tornou tudo muito cansativo.
Se tem algo que eu sinto falto, como uma boa millenial, é poder colocar “ausente” no MSN e entrar no Instagram só para ver foto do café que a minha amiga comprou. Enquanto a mudança não é global, sigo tentando conscientizar a mim mesma, meus amigos e familiares de que priorizar o real, fora das redes, é importadíssimo para uma existência saudável.
A vida é feita fora das telas!
Obrigada por ler!
Um abraço,
Nic💜
📋Lista da semana*
Tô fazendo um journal para me livrar um pouco das telas.
Custa fazer um status de ausente no WhatsApp, Sr. Meta?
Esse final de semana caminhei 9km conversando com uma amiga e sem mexer no celular. Tiramos apenas duas fotos no meio do trajeto.
*Um compilado de tudo que passou pela minha cabeça ou pelos meus olhos ao longo da semana ;)
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