5 | Para o meu amado, Iguinho
Essa é uma homenagem para o meu melhor amigo que partiu. Quero registrar aqui a alegria que ele me trouxe durante todos esses anos e que irá permanecer comigo.
Amanhã completam duas semanas da partida do Iguinho. E apesar de continuar sentindo um aperto no peito e um nó na garganta, quero escrever sobre ele. Não dizem que a escrita cura? Quem sabe ela possa me ajudar nesse momento difícil, em que as palavras que saem da minha boca não conseguem dimensionar o que ele significa para mim (e para minha família).
Vivi mais tempo com o Iguinho do que sem ele. Foram dezessete anos juntos aqui neste plano (mas tenho certeza que ele segue comigo a onde eu for). Perder ele foi um medo que eu adquiri nos últimos seis anos. Como uma pessoa pessimista e ansiosa, imaginei que ele iria partir muito mais cedo. Mas como a vida felizmente teve o seu próprio curso, aprendi (enfrentando o medo) a aproveitar ainda mais a companhia dele.
Nossa história começou quando eu tinha 10 anos e implorava para os meus pais me presentearem com um cachorrinho. Nessa fase, eu fazia diversos cartazes, documentos no Word contando os benefícios de ter um cachorro (sim, eu fiz), chantagens emocionais e tudo o que estava ao meu alcance. Cheguei ao ponto de apostar uma partida de general com o meu pai. Sai vencedora, mas isso não significou nada. Continuei sem cachorrinho até que depois de um ano de muita ladainha, meu pai se cansou de vez.
Em agosto de 2007, conheci o Iguinho pela primeira vez. Era uma sexta-feira de noite e fomos visitar a casa onde ele morava. Nesse lugar, ele era chamado de Jorge. Nem consigo imaginar uma pessoa que em sã consciência decidiu colocar o nome de um filhotinho lindo desses de Jorge. Fala sério, olhando para esse bebê aqui, você não chamaria de Jorge né?!
Nesse dia eu me apaixonei por ele. Tinha apenas dois meses e era tão pequeninho, além de ser o único que tinha sobrado da sua ninhada. Realmente o Iguinho sobrou (sobrou para nós!). As suas irmãs foram escolhidas muito antes e já nem estavam mais lá com ele. Nos contaram que o Jorge (vamos rir um pouco hehe) tinha ficado, porque a maioria das famílias não queriam machos. É que muita gente acredita que eles saem mijando por toda a casa e marcando território (o Iguinho nunca fez isso, nem nos seus dias mais esquecidos na velhice).
Os meus pais também preferiam uma fêmea. Mas eu fui inflexível, apelei para o beiço e disse que ele tinha nos escolhido já que era o único que ainda estava ali. E era verdade! No minuto em que entrei naquela casa e vi ele correndo super rápido de um lado pro outro (ele era um foguete) já tinha me decidido. Ele seria o meu companheiro.
No dia 04 de agosto de 2007, buscamos o Iguinho. Ele era tão minúsculo que eu tinha medo de pegá-lo e machucá-lo. A saga pelo nome perfeito durou pouco. Meus pais tinham péssimas sugestões, mas naquele final de semana a minha amiga Larissa foi fazer um trabalho do colégio na minha casa. Ela me salvou da mesmice de mais Tob’s, Bob’s e Rex’s por aí (foi mal se esse é o nome do seu animalzinho).
Em plena quinta série, a gente vivia jogando em um portal online chamado Iguinho (que nostalgia ver isso aqui). O cachorrinho do site era branco, mas muito parecido com o meu Iguinho (um terrier né). A Lari logo percebeu a semelhança e me disse “coloca Iguinho, vai ficar legal”. Eu até torci um pouco o nariz, mas o nome foi tão aceito por ele (e pelos meus pais) que logo saiu de “esquisito” para “perfeito”.
“And as the years go by
Our friendship will never die
You're gonna see, it's our destiny
You've got a friend in me
You've got a friend in me
Yes, you've got a friend in me”
You've Got a Friend In Me, Randy Newman
Dos primeiros até os últimos dias da vida do Iguinho, eu tive a oportunidade de vivenciar todas as fases dele: filhote, adulto e idoso. E isso enche meu o coração de paz e felicidade. Ter tido ele em tantos momentos comigo fez com que eu entendesse genuinamente o amor que os animais de estimação são capazes de transmitir para nós. Assim como eu, ele também me acompanhou. Ele me viu concluir o Ensino Fundamental e Médio, a faculdade de Jornalismo e ainda sair da casa dos meus pais.
E isso é só um pouco do que ele viu. Fico extremamente contente de saber que ele conheceu o amor da minha vida e que eles se tornaram bons amigos. Até demais (brincadeira). Quando o Gabriel estava trabalhando em home office, o Iguinho vivia chorando para pedir colo para ele. E ele sempre dava! E era nítido o quanto o Iguinho gostava de estar sempre por perto dele.
O mais incrível de crescer com um cachorro é perceber que você sai de ser a pessoa que ensina as coisas erradas para ele, como pular no sofá e pegar as meias do cesto de roupa suja para ser a pessoa que cuida quando ele se sente mal ou a pessoa que comparece em todas as consultas de rotina. No meu caso, sempre fui a pessoa que ensinei as coisas certas e erradas (fiz ele aprender a mijar no jornal em tempo recorde!) e também fui a pessoa que na maioria das vezes segurou ele e deu apoio na hora de fazer as vacinas.
Por ter sido tão presente e por outros motivos mais duros (como o fato de que ele precisava descansar), eu entendo a partida do meu melhor amigo. Sei que agora ele está em um lugar muito bonito, cercado das coisas que mais gosta: grama e ar fresco. Fico extremamente grata de saber que ele viveu esses dezessete anos de forma muito saudável. Quem imaginaria que um senhorzinho de 17 anos ainda resmungaria para passear? Ele fazia!
É verdade que as suas últimas semanas foram difíceis. Mas também com tantas aventuras vividas, é compreensível que ele fosse perdendo as forças e aumentando o tempo dos seus cochilos. E foi assim, em uma quinta-feira à tarde, que o cochilo do Iguinho o levou para um lugar longe da gente. Mas sei que eu ainda posso encontrá-lo em cada memória que guardo no peito. Para mim, o Iguinho é eterno!
Algumas das sapequices dele
Roeu os fios da máquina de lavar (graças que estavam fora da tomada)
Comeu um anticoncepcional
Roeu tudo o que viu pela frente até o seu 1º aninho (desde pijama até a mesa da sala)
Algumas vezes que me salvou
Todas as vezes que eu achei que o mundo ia acabar, porque um feio não me quis no Ensino Médio (a cara dele dizia: mona, chega!)
Sempre quando eu olhava para ele e o rabo balançava mais rápido que tudo
Na pandemia quando ele desenvolveu uma dermatite de estresse porque via a angústia e o sofrimento da minha família. A partir daí ficamos mais fortes (e alegres) por ele!
Tenho muitas outras coisas para escrever. Afinal, falar de quem eu amo é um dos meus assuntos preferidos. Mas vou me encaminhar para o encerramento dessa news, dizendo que sou muito feliz de ter passado tantos momentos com ele. Como me disseram, eu como filha única, encontrei no Iguinho um companheiro que nunca que tive. Era ele que me acompanhava quando eu brincava com as minhas Polly’s (tudo bem que ele tentava engolir os sapatinhos…) e que topava qualquer invenção de moda. Nós crescemos juntos!
Iguinho é sinônimo de amor. É sinônimo de família. Ele foi tudo o que eu precisava para crescer feliz e me sentindo amada. Ele foi também o que a minha família precisava. Quantas brigas ele curou com o balançar do rabo? Eu espero que a gente tenha sido tudo aquilo que ele precisava nessa vida. E que nas próximas, possamos voltar juntos. Não existe Nicole sem Iguinho. E é por isso que carregarei por toda a vida a felicidade e o amor que ele me deu.
Obrigada, Iguinho! Tu é o melhor cachorro do mundo.
Obrigada por ler!
Um abraço,
Nic 💜
📋Lista da semana1
Jonas Brothers anunciaram turnê, só falta anunciar o Brasil.
Chorar dá muita dor de cabeça!
Essa newsletter saiu com uma semana de atraso, porque precisamos aprender a respeitar o nosso próprio tempo (eu respeitei o meu!).
Um compilado de tudo que passou pela minha cabeça ou pelos meus olhos ao longo da semana ;)
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