2 | Somos como nossos pais?
A gente se acha tão diferente até que se pega fazendo as mesmas coisas que eles fariam.
Máquina analógica, festa de aniversário com balão surpresa e dancinhas do É o Tchan. Direto do túnel do tempo, lembro com nostalgia dos anos 90 e seus momentos icônicos. Mal podia imaginar que hoje estaríamos ambiguamente tão distantes e tão próximos daqueles dias.
Em 2005 eu acreditava que hoje já teríamos carros voadores por aí (e aposto que eu não era a única). Contudo, o futuro se mostrou muito diferente do que as lentes cor de rosa do meu óculos da Angélica poderiam prever.
Se em 2025 o transporte público ainda é um grande problema para as metrópoles (um abraço aos políticos!) e os carros que voam estão totalmente fora de cogitação, o que me aproxima de uma época em que existia um quadro chamado “banheira do Gugu” na televisão aberta no domingo à tarde?
A resposta Belchior já tinha nos antecipado e Elis Regina fez o maravilhoso papel de tatuar em nossos corações.
“Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais”
Como nossos pais, Belchior
Embora na música, a comparação entre nós e nossos pais seja uma dura realidade. E eu acredito que ela ainda seja fiel aos dias atuais. A relação que quero estabelecer aqui nada tem a ver com isso. Não é sobre política (ainda!).
O que me proponho a falar é sobre como somos tão parecidos e tão diferentes dos nossos pais nos mais simples aspectos da vida adulta. Sexta-feira passada, uma amiga nos chamou: “gurias temos um problema com a cozinha, eu tô tentando montar ela e tá difícil demais”.
Para contextualizar melhor, no domingo era a festa de aniversário da nossa afilhada e compramos uma mini cozinha para dar de presente. Só que não passou pela cabeça de nenhuma de nós que teríamos que montar o móvel. E o pior: que seria bem complicado (ainda mais quando não usamos as ferramentas necessárias hahaha).
Mas o que tudo isso tem a ver com os nossos pais? Eu tenho certeza que meus pais já tiveram que montar várias cozinhas, nenhuma infantil, mas alguns brinquedos sim. E sei que em todos esses momentos eles estavam bem mais preparados do que nós.
O ponto aqui é que os anos 90 formaram pais e mães muito mais preparados para momentos como esse. Se você já saiu da casa dos seus pais, com certeza já chamou um deles para realizar uma tarefa como montar um roupeiro ou trocar um chuveiro.
Não sei se é o efeito nostálgico ou aquele filtro indie que só os anos 90 tem e que deixa nossos pais parecerem os heróis das tarefas de adulto. Mas é um fato que eles, em maioria, dão de 10 a zero em nós nessas situações.
O interessante (e o que me motivou a fazer esse texto) é que hoje estou aprendendo as coisas que antes chamaria eles para fazer. Aos poucos, e no ritmo millennials, venho me aperfeiçoando nas coisas de “pai” ou de “mãe”. Para mim, é como se agora crescesse uma nova parte deles em mim. Uma que sempre admirei: a capacidade de resolver tudo. Ou você acha que meus pais pagariam 200 reais para montar uma mini cozinha?
Talvez eles até fizessem um churrasco ou um mutirão para pintar a casa deles. Mas montar um móvel infantil não renderia um xis na casa dos amigos. E isso nos difere. Nós resolvemos o nosso (pequeno) problema de forma coletiva. E foi fantástico! Ah e tem mais um plus: só as mulheres colocaram a mão na massa.
Juntas aprendemos quem é a melhor para martelar pregos, quem tem mais força no pulso e quem mantém a positividade até quando percebe que montou a peça errada. A forma feminina e coletiva de resolver as coisas é uma das grandes diferenças que temos com as nossas mães, por exemplo.
Mas ao mesmo tempo somos tão iguais a eles, buscando aprender aquilo que eles já sabem, tomando a rédea dos nossos assuntos. Na idade em que eles faziam tudo arregaçando as mangas e indo à luta, estamos aprendendo a furar a madeira e segurar a furadeira (emprestada do meu pai).
Por isso reforço: tão perto e tão longe ainda somos como os nossos pais (e para mim é lindo ver isso!).
Obrigada por ler!
Um abraço,
Nic 💜
📋Lista da semana1
Pareço que sai da rehab na foto da minha nova CNH.
Meu porteiro achou que eu não fosse capaz de levar um tapete de 2m sozinha. E fui!
Pessoal tá me stalkeando mais no LinkedIn do que nas redes sociais que eu uso.
Um compilado de tudo que passou pela minha cabeça ou pelos meus olhos ao longo da semana ;)
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